Luís Teixeira
Muitas dúvidas ficaram na estreia de Monkey Flag em gravações de estúdio. "Demo Tapes" foi praticamente ignorado, muito devido à sensação de impaciência, irreflexão e precipitação no momento de gravar as faixas, que só serviriam para apresentar algo ao público de forma mais imprudente possível. Todo esse esforço insuficiente e urgência sente-se a léguas: músicas mal estruturadas, rótulos desmedidos e uma clara falta de maturidade fazem com que a banda nem seja vista nos pólos da cena lisboeta (Sodré, Bairro Alto)...
Da esq. para a Dir. : David (baixo), Miguel (Bateria) e Rochinha (Guitarra), os Monkey Flag no Montijo em Janeiro de 2016 |
No entanto passaram alguns meses desde a última vez que vimos os Monkey Flag apresentar essas faixas mínimas na Sociedade Filarmónica no Montijo e a verdade é que vimos outra faceta. Vê-se algum trabalho de casa feito pela banda em tentar fundir as suas influências "boiantes" (Sonic Youth, My Bloody Valentine, Pavement) e tentar afogá-las no som menos banal e previsível possível. Dessa forma o ruído incutido não parece tão obrigatório ou pelo menos tão necessário para que as faixas sejam sequer levadas em consideração. Aqui a distorção é usada como complemento, a nova força determinante vem do baixo e bateria que como toda a gente sabe têm papéis fundamentais nos padrões rítmicos de uma canção. Essa dependência na guitarra já não é tão óbvia e aqui João Rochinha desempenha um papel não tão relevante em relação a Miguel ou David mas eficaz e preciso na construção da sincronia entre os restantes instrumentos.
A evolução é palpável mas todo esse potencial precisa de ser canalizado e convertido em gravações nítidas e eretas, para que haja segurança no momento crucial de qualquer banda: a apresentação dos temas ao vivo.
Iremos estar atentos ao trabalho de Monkey, fica a nota positiva de um grande concerto no Bota Baixo este passado sábado no bar de referência. Será que o Montijo está ciente e preparado para aquilo que vai acontecer daqui a sensivelmente uma semana?